quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Trans-Amazônia em Cajazeiras


Sérgio de bigode em Cajazeiras (PB)
Cidade 2: Cajazeiras, Paraíba, Km 498 (aprox..) , RodoviaTransamazônica, BR-230 - PARTE 2 – Datas: 6/9/2012 – 9/9/2012

Domingo, 9 de setembro de 2012
 Cajazeiras – cidade cheia de vida, bem organizada. Fiquei aqui mais tempo do que o planejado – os laços foram sendo criados e as estórias aparecendo. Muito obrigado a Daniel, Ana Cláudia, Gabriel, Andrea pela sua hospitalidade. Obrigado especialmente ao Daniel por compartilhar seu trabalho no MCCE (Movimento Contra a Corrupção Eleitoral).

Feira do Rolo – onde se faz qualquer negócio
Vendedor de roçadeira e outras ferramentas no mercado de Sábado
Venda e troca de animais e outras coisas ao lado do cemitério
Sábado, 8 de setembro de 2012
 Manhã: fotos e filmagens no mercado e feiras de sábado, além da feira do rolo ,onde as pessoas vendem e trocam qualquer coisa.
 Tarde: entrevista com Daniel e Ana Cláudia. Demorou mais do que o esperado, tive que ficar mais uma noite na cidade e pegar o ônibus no próximo dia para Juazeiro do Norte.
 Noite: Grande festa na cidade com a dupla sertaneja Vitor e Léo.
 


sábado, 27 de outubro de 2012

Eu e o velho Pita

Meu último encontro com Dr. Epitácio foi no bar do Pirulito. A data não sei precisar, mas foi numa das minhas constantes idas a Cajazeiras, ainda não tinha sido descoberto, ou pelo menos não era público, o mal que levaria o velho Pita para sempre. Quando estou em Cajazeiras fico no Bairro Sol Nascente num tugúrio, como definiu Dr. Frassales, num de seus artigos do Gazeta do Alto Piranhas,  a casa de Chico Rolim. Realmente muito modesta para quem foi Chico Rolim, grande empresário e político de Cajazeiras. Mas um bom refúgio!
Mas voltando ao assunto numa das idas ao centro vejo Dr. Epitácio no Pirulito, não titubei, estaciono o carro e vou ao seu encontro. Fui recebido efusivamente. Sempre tive bom relacionamento com Dr. Epitácio, mesmo em épocas que ele estava politicamente em campo oposto à papai. Justiça seja feita, papai e Dr. Epitácio mesmo nesta situação jamais se agrediram, não era estes posicionamentos raivosos que vemos tantos nos dias de hoje.
Dr. Epitácio foi nosso hóspede em São Luís. Veio com a Zarinha e foram dias ótimos conhecendo a cidade. Aconteceu um fato pitoresco, Dr. Epitácio passando pela ponte do São Francisco exclamou espantando: “Oxente, já vi de tudo na vida, mas hoje mesmo vi aqui cheio d’água e agora está seco! Para onde foi a água?”. Aqui há um fenômeno das marés que esvaziam até a altura de 7 metros no pico e é conhecida como as marés de sizígia, aliás, as de São Luís é a segunda maior do mundo. Embaixo da Ponte do São Francisco (ponte que liga o centro velho aos novos bairros da cidade) fica o Rio Anil, um fiapo de água lá embaixo, mas quando a maré enche, as águas chegam bem próximo ao vão da ponte, algo bem volumoso com mais de 1 km de extensão. Com a vazante fica somente o fiozinho de água do rio. Foi este fenômeno que causou o espanto. Sim, mas a vinda do casal não foi turismo, Dr. Epitácio vinha a missão de convencer papai a ser o seu candidato já que o mandato estava expirando. Convenceu, mas papai não obteve sucesso no pleito. Isto foi em 1988 ou 1989.
Voltando a bar do Pirulito, quando o lembrei que Cajazeiras ainda não tinha nada com o seu nome, ele retrucou:
- “Se botarem eu mando tirar!” Senti o velho Pita ressabiado com a falta da lembrança. 

Se botarem eu mando tirar!

Meu último encontro com Dr. Epitácio foi no bar do Pirulito. A data não sei precisar, mas foi numa das minhas constantes idas a Cajazeiras, ainda não tinha sido descoberto, ou pelo menos não era público, o mal que levaria o velho Pita para sempre. 
Numa das idas ao centro vejo Dr. Epitácio no Pirulito, não titubei, estaciono o carro e vou ao seu encontro. Fui recebido efusivamente. Sempre tive bom relacionamento com Dr. Epitácio, mesmo em épocas que ele estava politicamente em campo oposto à papai. Justiça seja feita, papai e Dr. Epitácio mesmo nesta situação jamais se agrediram, não era estes posicionamentos raivosos que vemos tantos nos dias de hoje.
Dr. Epitácio foi nosso hóspede em São Luís. Veio com a Zarinha e foram dias ótimos conhecendo a cidade. Aconteceu um fato pitoresco, Dr. Epitácio passando pela ponte do São Francisco exclamou espantando: “Oxente, já vi de tudo na vida, mas hoje mesmo vi aqui cheio d’água e agora está seco! Para onde foi a água?”. Aqui há um fenômeno das marés que esvaziam até a altura de 7 metros no pico e é conhecida como as marés de sizígia, aliás, as de São Luís é a segunda maior do mundo. Embaixo da Ponte do São Francisco (ponte que liga o centro velho aos novos bairros da cidade) fica o Rio Anil, um fiapo de água lá embaixo, mas quando a maré enche, as águas chegam bem próximo ao vão da ponte, algo bem volumoso com mais de 1 km de extensão. Com a vazante fica somente o fiozinho de água do rio. Foi este fenômeno que causou o espanto. Sim, mas a vinda do casal não foi turismo, Dr. Epitácio vinha a missão de convencer papai a ser o seu candidato já que o mandato estava expirando. Convenceu, mas papai não obteve sucesso no pleito. Isto foi em 1988 ou 1989.
Voltando a bar do Pirulito, quando o lembrei que Cajazeiras ainda não tinha nada com o seu nome, ele retrucou:
- “Se botarem eu mando tirar!” Senti o velho Pita ressabiado com a falta da lembrança. 

Epitácio Leite Rolim

por Francisco Frassales Cartaxo
A agonia de Epitácio acabou na batalha contra o câncer. Na verdade, ele já vinha sofrendo agonias de outros tipos. Por exemplo, as punições decorrentes de sua passagem pela prefeitura de Cajazeiras, muito embora sem ter sido um gestor desonesto. Não era. Mal assessorado, talvez. Ninguém o acusara de enriquecimento ilícito. Ao contrário, dizem até que se desfez de patrimônio para saldar dívidas, nesta época em que muitos amealham sobras de campanha. Por isso, seu infortúnio se tornara mais amargo ainda, penso, ao ver ao seu redor tantos sinais exteriores de riqueza exibidos por gente que deveria estar na cadeia. E não está.
Campanhas eleitorais
Epitácio Leite Rolim teve, entre os cajazeirenses, a vida política mais longa no século XX, só comparado ao coronel Sabino Rolim, que dirigiu anos a fio a política local até a Revolução de 1930. A trajetória de Epitácio me chamou a atenção quando preparava, em 2006, o livro Do bico de pena à urna eletrônica. Tanto que arrisquei apontar ali as possíveis causas de sua longevidade política, como se pode ler nas páginas 176-178, a seguir transcritas:
“Arraigado à terra, prestando serviços diários à população no exercício da profissão e mediante a manipulação de cargos públicos em dois municípios, Epitácio, ao selar aliança com Edme Tavares, expandiu e aprofundou a sustentação eleitoral. A esse respeito, o papel desempenhado por Edme foi essencial. Mais relevante do ponto de vista político-eleitoral do que a forte articulação que Epitácio mantinha, até então, com Wilson Braga, desde que este alçara vôo para Brasília, sempre com expressivas votações no oeste paraibano.”
Epitácio com Edme Tavares e Bosco Barreto
“A aliança com Edme, no entanto, fez-se mais duradoura e eficaz e se processava de modo que cumpriam missões peculiares, em sintonia com a personalidade e inclinação de cada um.”
“Afeito às articulações palacianas, desde quando no governo João Agripino ocupou a subchefia da Casa Civil, seu primeiro cargo público relevante, Tavares se movimentava com desenvoltura nos gabinetes de autoridades estaduais e federais, descobrindo e assegurando benefícios que a máquina pública propicia, em termos de captação de recursos para obras e serviços públicos, de posições e empregos para correligionários e aliados políticos de suas bases eleitorais. Dessa forma, Tavares supria uma de suas salientes deficiências: ausência de contato direto com as massas.”
“Epitácio o socorria, preenchendo esse vazio. Sempre próximo ao eleitor, até por fastio das lides parlamentares, dos ares da capital, Epitácio cumpria o papel de segurar os votos de que Edme necessitava para representar Cajazeiras na Assembléia Legislativa (três mandatos sucessivos) e na Câmara dos Deputados (dois mandatos seguidos), durante 20 anos sem interrupção de 1971 a 1990”. (...) “Cajazeiras, dificilmente, encontrará dupla tão eficaz na prática do assistencialismo, na manipulação dos instrumentos do poder público para manter clientela, num exemplo de patrimonialismo eficiente e duradouro.”
“Essa característica do relacionamento entre os dois lideres (...) constitui um dos fundamentos da longevidade política de Epitácio Leite Rolim, que pode exibir esse troféu, agora que a idade e os reveses sofridos nos últimos anos apontam-lhe o caminho da aposentadoria política.”
Ao reler agora esse trecho do capítulo 7- Nova Face do Populismo (1964-1982), escrito quatro anos atrás, não arrenego a análise. Lamentável, porém, são os cruéis e injustos “reveses sofridos” por Epitácio nos derradeiros anos de sua vida. Cajazeiras inteira sabe disso. E era fácil perceber, como pude constatar em discretos papos no Bar do Pirulito, onde conversamos algumas vezes, em pleno calor da campanha eleitoral de 2008, que levou Leonid Abreu à prefeitura de Cajazeiras.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O caixão de defunto boiando no açude

Sempre aprendemos em criança que desobedecer não é um bom caminho. Os castigos de Deus vêm indubitavelmente como um aviso que é preciso obedecer aos meus velhos. Mas qual criança quer concordar livremente com isto. Acho que o gozo da sensação da desobediência é maior do que os rigores dos castigos, humanos e divinos.
Eu tive duas mães. Bom... não sei! Ser vigiado duplamente não é uma coisa tão maravilhosa. Ambas eu as amei e amo. Ambas distantes por desígnios do nem sempre compreensível destino. A primeira por não habitar este mundo. A segunda, antevendo que ela seria a cizânia do meu casamento, abdicou de morar quando tive a minha primeira independente. Preferiu, e até hoje, mora com uma irmã minha.
Mas voltando a desobediência.  A segunda me levou para tomar banho no açude da Arara. Sítio do meu avô, o meu Éden infantil. Menino não se cansa e, infelizmente, os mais velhos são danados para se cansar. Dazima, eis o nome da segunda, já enfastiada do pastoreio, começa a me chamar para ir embora, ou melhor, voltar para casa do meu avô, a casa-grande do sítio, como nós lá chamamos fazenda. E cadê eu acatar o pedido. Ralhando ele me diz que ia me deixar sozinho e me desejando que uma alma me aparecesse. Na verdade, a beira do açude ficava na parte baixa e ela ficou me espreitando detrás de um juazeiro próximo ao açude.
O sentimento da liberdade me deixou feliz como um passarinho que foge da gaiola, mas não sabe mais enfrentar o mundo livre depois de tanto cativeiro. Nado à vontade, dando os meus cangapés solitários, quando... sinto o meu pé bater em algo sólido no meio da grácil água do açude! Quando emergi para ver o que era aquele sólido, apavorado vi um caixão de defunto correndo e se afastando de mim, não sabia se foi pelo pontapé que recebeu ou se fugiu para me avisar que, desta vez, não me faria mal pela minha inobediência...
Faltou coragem, mas não faltou perna para correr, até o calção ficou lá na beira do açude...


Praça Coração de Jesus (POEMA)


Praça Coração de Jesus - Praça dos carros  
O que mudou?

Na busca de um passado
revirei os teus armários
e num sonho infinito
te vi no tempo a galopar.

Em meio a nuvens, neblinas...
olhei pra ti cidadela
modéstia, mudaste de luz
parece não ser mais a mesma

Os dias de (trás) passaram
a vida segue frenética
nas lembranças sucumbidas
tuas calçadas mofaram.

Quisera as gerações
inversamente opostas
na linha imaginária do tempo
povoasse os teus becos
reverenciasse suas fachadas.

Sobre risos, as poesias
falassem de sua história
cuidasse mais (sempre) de ti
amasse os seus poetas

por que a vida passa...
tudo passa,
tudo passa,
e atrás... segue o tempo
pois de nada
é para sempre. 


Francisco Cleudimar F. de Lira  

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Praça Coração de Jesus anos 50

Que lindo, que momento mágico. A direita em primeiro plano, está a imponete esquina onde hoje é a Daniele Boutique. Bem lá no fundo, o antigo Armazém Bandeirante com o seu concorrete Armazém São Paulo à esquerda. No meio, o saudoso pé de trapiá. O mais... Jippe's, Marinetes, homens, mulheres e o céu como testemunha.
 Esta foto é realmente uma viagem no tempo. 
Ela foi gravada no momento em que o calçamento da Av. Padre José Tomaz estava sendo feito. Observe bem que no canto esquerdo da mesma, há um monte de areia. Onde estão os postes de luz, o meio fio está inacabado. No lado direito, na esquina onde hoje funciona a Danielle Butique, dá pra ver - com detalhes, os operários trabalhando na pavimentação. Lá nos fundos - na calçada da antiga lanchonete São Braz, tem outro operário trabalhando. No meio da foto, estacionado, um caminhão usado para transportar a areia, está debaixo do antigo Pé de Trapiá.