sexta-feira, 18 de maio de 2012

O governador e o aeroporto de Cajazeiras

Por Francisco Frassales Cartaxo
O governador Ricardo Coutinho vem a Cajazeiras, nesta sexta-feira, a fim de participar de uma plenária do Orçamento Democrático. Se eu tivesse mais aproximação com Ricardo, iria lhe pedir para orientar seus correligionários cajazeirenses acerca da arte de governar, da forma de eleger prioridades, chamando a atenção para certas peculiaridades no uso responsável dos recursos públicos a serviço do bem comum. Quem sabe, até poderia explicar-lhes, com paciência didática de professor, o seu jeito de administrar.
E pediria também a Ricardo que lem- brasse à população (e não apenas a seus aliados) que nem todas as intervenções governamentais pas- sam, obrigatoriamen-    te, pelo desejável crivo do Orçamento Democrático. O próprio Ricardo adota outros critérios na tomada de decisões, a exemplo do respeito ao princípio da continuidade de obra e serviços começados em período anterior, desde que não sejam “indecentes” no sentido de ferir a correta aplicação do dinheiro público. Como no caso do Aeroporto Professor Pedro Vieira Moreira. Tanto que, no início de seu mandato, Ricardo garantiu terminá-lo até sua homologação pela ANAC.
Frassales e Moreira Lustosa, audiência com o Governo, pelo MAC
Outro aspecto precisa ser lem- brado. Deste aspecto eu mesmo falo. Ricardo foi ve- reador, deputado estadual, prefeito de João Pessoa, eleito e reeleito, antes de postular ser go-   vernador. Aliás, o único governador da Paraíba que nasceu e cresceu, politica     mente, à margem das oligarquias paraibanas. Um fato inusitado realçado por mim em artigo publicado no jornal Contraponto, de João Pessoa, após consulta à histórica política republicana.
E quais foram os trunfos para o sucesso de Ricardo?
Foram muitos, mas um merece destaque especial: a maneira de governar a capital. Sua dedicação diuturna, o tesão, o cuidado e a pressa em fazer as coisas converteram-se, sem nenhuma dúvida, na sua credencial mais notável para pleitear o cargo de governador. E um dos pilares do sucesso alcançado foi o tempo gasto na execução das ações prioritárias, talvez, um contraponto ao ritmo tartaruga de seu antecessor.
Se assim é, por que a conclusão do Aeroporto Pedro Mo- reira demora tanto?
Desconfio que tenha faltado, dentre seus aliados caja-   zeirenses, quem o alertasse, com fir-  meza e convicção, para a urgência de completar,  defi-   nitivamente, o aeroporto regional, endossando o esforço feito pelo MAC – Movimento dos Amigos de Cajazeiras, em mais de uma oportunidade. Talvez, seus partidários locais tenham tratado este equipamento, fundamental para o desenvolvimento do sertão e da Paraíba, como “obra de rico”. Algo parecido com a visão de alguns companheiros que também enxergam na Perimetral Norte, não uma obra estruturadora, mas “uma avenida de contorno da cidade para uso de quem tem carro” contrapondo-a às ruas onde o “pobre pisa na lama”. Um equívoco terrível misturar alho e bugalho, forçar opção excludente onde não cabe. Enfim, uma concepção que menospreza necessárias intervenções públicas estratégicas, essenciais ao desenvolvimento paraibano, e deturpando, de certa forma, o processo de decisão popular intrínseco ao Orçamento Democrático. Por tudo isso, eu tomo a liberdade de pedir a Ricardo que explique melhor seu jeito de governar a todos nós. E em particular a seus aliados cajazeirenses.

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